alerta, tópico sensível. desabafo íntimo e pessoal.
amizades sempre serão um de meus diversos pontos fracos. em uma amizade, eu sempre me entrego por inteira.
como Clarice Lispector já disse:
“Não suporto meios termos. Por isso, não me doo pela metade. Não sou sua meio amiga nem seu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada.”
levo essa frase muito a sério. faço dela a minha dura e crua realidade. sou tudo ou nada. com amigos, isso não seria diferente.
você postou um livro? serei uma das primeiras a comprar. postou uma foto? serei uma das primeiras a elogiar. está com um novo projeto em mente? serei uma das primeiras a apoiar. terminou um relacionamento amoroso? serei uma das primeiras a te chamar para sair para que possa se distrair. me chamou para sair? replanejarei minha agenda para poder te ver. quando sou amiga, sou amiga e ponto.
o que está acontecendo com as minhas amizades atualmente?
não, eu não sou intensa. não, eu não sou emocionada. vocês é que se tornaram frios e mórbidos. querem amigos em suas vidas como uma forma de consolo. não querem se sentir tão estúpidos; querem ser aceitos e terem seus egos elevados. covardes. tem medo de amar. não sabem amar.
não é tão difícil ser recíproco
não, não é tão difícil assim ser recíproco. não é tão difícil tirar 5 minutos do seu dia para responder a mensagem que seu amigo te mandou. não é tão difícil marcar de sair ou marcar uma ligação com alguém que você diz considerar tão especial.
não me venha com esse papo furado de que as pessoas tem diferentes formas de amar. vocês não amam. isso é conveniência. quem ama não ignora sua mensagem durante 1 mês inteiro. quem ama não finge esquecer que vocês haviam marcado de sair. quem ama, não faz pouco caso de você.
e não, eles não estão ocupadas com o trabalho ou com os estudos; não é culpa da rotina, já que me canso de vê-los saindo com seus outros amigos enquanto a minha mensagem os convidando para sair está no vácuo há tempos.
gostaria que fossem corajosos o suficiente para admitirem que já não ligam mais tanto assim para mim. que estão ali apenas por desencargo de consciência, por não quererem ser os responsáveis pela tragédia final.
insuficiência
à essa altura do campeonato, já me humilhei o suficiente. agora, fiz parecer que sou descartada com facilidade. eu também tenho lá o meu valor. mas esse desabafo saiu do âmago de meu ser. lá de dentro, do lugar onde mais dói.
queria que me amassem da mesma forma. não da mesma forma. só que demonstrassem tão intensamente quanto eu. sei que existem pessoas capazes disso. se eu sou capaz, por que os outros não poderiam ser?
é melhor nunca mais ser amada do que ser amada desse jeito
odeio despedidas. porém, em certas ocasiões de nossa vida, precisamos saber quando um lugar já não nos cabe mais.
esse lugar já não me cabe mais há alguns anos. continuei cortando partes de mim para que pudessem se encaixar na vida de vocês. sangrei, e ninguém sequer notou. deixei de ser prioridade, enquanto vocês nunca deixaram de ser minha prioridade.
no tempo de ouro de nossa amizade, ela foi tão linda quanto poderia ter sido. tivemos belíssimos momentos, até que os tempos sombrios chegaram. tempos aqueles onde fui pisoteada pelas novas pessoas que estavam chegando em suas vidas. pisoteada pelo fim, que chegou nem mais, nem menos, sem aviso prévio, causando um gosto amargo em minha boca.
vocês me machucaram, em? não tinham o direito de me tratarem dessa maneira. eu nunca os dei tamanho direito.
não fui uma ótima amiga, confesso. todavia, sempre os amei profundamente e fui fiel a quem eu era. vocês não podem dizer o mesmo.
nosso adeus
enfim, isso já não importa mais. a raiva e a tristeza irão se esvair e aos poucos não sentirei mais nada, além de alívio e indiferença. desejo que seus novos caminhos sejam repletos de felicidade. que seus novos amigos saibam aproveitar suas companhias. desejo que nunca me esqueçam. não por ser egoísta, mas porque nunca me esquecerei de vocês.
tenham uma boa vida. se cuidem.
e, se me fosse permitido lhes dar um conselho, diria: amizades precisam de esforço mútuo para sobreviver. se esforcem ou ficarão sozinhos.
e, se vocês pudessem também me dar um conselho, com certeza diriam: gabrielly, nós sabemos disso. a questão é que não amávamos mais você. não como antes. vá embora e encontre pessoas que possam retribuir o seu afeto.
já estou indo.
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“Você tem amigos para o período em que os deve ter, e esse período termina.”
nosso tempo acabou.
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eu não estava conseguindo deixá-las irem. isso, elas, no feminino. estou falando de amigas que já me foram queridas, mesmo que todo o descontentamento em meu ser tenha as feito parecer monstros terríveis.
fiquei tão presa nas memórias boas do passado, e com tanto medo de ficar sozinha, que insisti até não aguentar mais. me culpei, pensei que fosse a responsável por elas não me amarem mais tanto assim.
nesse texto, estou me desprendendo. estou me deixando ir. sempre as amarei. sempre amarei a versão delas que me amou. foram ótimas amigas. foram ótimos anos. foi uma ótima amizade. foi bom enquanto durou. nosso fim foi tão doloroso quanto todos os outros finais.
adeus.
eu acho que nós, pessoas amantes, deveríamos nos unir contra todas essas pessoas desinteressadas. Odeio que a sociedade acha normal deixar tudo por um parceiro "romântico" e não ter o mesmo comprometimento pelas amizades, porque o mundo prioriza e acha mais importante as relações "românticas". Acho que é por isso que a maioria das pessoas não parece ter interesse em amizades e curiosidade genuína nas outras pessoas
Me identifiquei tanto com seu texto. De alguma forma, com o tempo aprendemos a lidar com isso, porém, ás vezes me pego ficando chateada com a atitude do outro.
Ano passado foi um ano extremamente marcante para mim, eu engravidei e tinha colocado minha (ex) melhor amiga de 16 anos de amizade como madrinha do meu filho, ela sequer me mandava mensagem para saber sobre mim e o bebê. Piorou quando ela entrou em um relacionamento e só quis saber da pessoa que ela estava junto. Simplesmente troquei de madrinha, não me arrependo e hoje penso que fiz a coisa certa, não só como amiga mas principalmente como mãe. Se eu tivesse perdido o neném, ela nunca iria saber, já que nunca procurava pela gente...
Obrigada por escrever esse texto e tocar no meu coração de uma forma tão confortável! ✿